Equilíbrio da Microbiota
Intestinal e Cognição
Efeitos Significativos
nos Processos Cognitivos
A literatura apresenta diferentes definições para cognição,
entre elas: o ato de captar, utilizar e transformar a informação obtida do meio
ambiente, e inclui o subconsciente, as experiências afetivas e os sentimentos.
Com o envelhecimento, observa-se a diminuição do volume do hipocampo, o que
pode levar ao comprometimento cognitivo. Esse comprometimento pode significar
dificuldade progressiva na retenção de memórias recentes, na aquisição de novos
conhecimentos, na prática de cálculos numéricos, na manutenção do estado de
alerta, na verbalização adequada e na motivação. A diminuição no volume do
hipocampo é um processo esperado com o envelhecimento, e consequentemente,
comprometimentos cognitivos sem maior relevância também são comuns, e de certa
forma esperados. Estratégias para restabelecer o equilíbrio da microbiota
intestinal poderiam reduzir a permeabilidade dos enterócitos, atenuando assim a
inflamação. O uso de substâncias como probióticos, prebióticos ou simbióticas,
nesse sentido, pode ser uma alternativa plausível.
Probióticos
e Processos Neurológicos
O uso de probióticos tem sido proposto no tratamento da
depressão e do comprometimento cognitivo com resultados promissores; as
bactérias que apresentam ação positiva na saúde mental são chamadas de
psicobióticos. Algumas cepas bacterianas presentes no intestino são
responsáveis pela conversão de triptofano à serotonina. Pacientes com síndrome
da fadiga crônica demonstraram melhora nos sintomas depressivos após a ingestão
de Lactobacillus. Outro exemplo é o Lactobacillus rhamnosus, capaz de
sintetizar a enzima glutamato descarboxilase, responsável pela conversão de
glutamato à GABA.
Outro mecanismo proposto a partir da administração de substâncias probióticas é a restauração da mucosa intestinal e das junções oclusivas. Essa restauração pode limitar a absorção de lipopolissacarídeos e outros produtos de bactérias para circulação sistêmica, reduzindo a ativação da via imune no intestino. As bactérias presentes no intestino são capazes de fermentar as fibras alimentares, produzindo os ácidos graxos de cadeia curta – o acetato, o propionato e o butirato. Um dos efeitos do butirato é a sua ação anti-inflamatória, que resulta na inibição da ativação do fator de transcrição NF-KB (fator nuclear kappa B) e, consequentemente, a diminuição na formação de citocinas pró-inflamatórias. Os probióticos e seus metabólitos podem enviar sinais via nervo vago para regiões cerebrais envolvidas com a depressão e cognição. Assim, estudos têm demonstrado os efeitos benéficos da suplementação de probióticos no humor e na cognição. Outros estudos demonstram também que a suplementação de Bifodobacterium aumenta os níveis do fator neutrófico derivado do cérebro (BNDF).
Estudo Comprova:
Suplementação
Probiótica Melhora os Parâmetros Cognitivos em Idosos
Esse estudo teve como objetivo determinar os efeitos da suplementação probiótica na cognição e no humor em indivíduos idoso (Kim et al. 2020).
Resultados:
- Os probióticos mostraram uma melhora significativa nos testes de flexibilidade mental e diminuição nos escores que medem o estresse quando comparado com o placebo (p<0,05);
- Ao contrário do placebo, o grupo
probiótico aumentou de maneira significativa os níveis de BNDF (p<0,05);
- Houve uma significativa correlação
entre a reversão da disbiose e o aumento dos níveis BNDF no grupo placebo
(p<0,05).
Conclusão:
A suplementação com probióticos
promoveu melhora na flexibilidade cerebral e no alívio do estresse mental em
idosos.
Referências
KIM,
CS. et al. Probiotic
supplementation improves cognitive function and mood with changes in gut
microbiota in community-dwelling elderly: A randomized, double-blind,
placebo-controlled, multicenter trial. J Gerontol A Biol Sci Med Sci.
2020 Apr 17:glaa090.
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