Preciso usar protetor solar diferente no rosto e no corpo? Tire 13 dúvidas

Estudos Científicos
10/jan/2019

O protetor solar para o rosto costuma ser menos gorduroso e oferecer benefícios para o tratamento de manchas


Que passar protetor antes de se expor ao sol é imprescindível, praticamente todas as pessoas já sabem - mesmo que muitas não respeitem essa recomendação. Mas outras dúvidas sobre o assunto permanecem. A seguir, respondemos as mais frequentes.  

1 - Preciso de um protetor solar específico para o rosto? 

No quesito proteção, não existe problema em utilizar o produto para o corpo na face. Mas o ideal é investir em um específico para essa região. As fórmulas desenvolvidas para o corpo costumam ser mais gordurosas e ao serem aplicadas no rosto podem deixá-lo com aspecto seboso e sujo - especialmente para quem tem pele oleosa. Além disso, o protetor para o corpo aumenta as chances do aparecimento de acne na turma que tem tendência à doença. Além de driblar esses inconvenientes, outra vantagem de ter um filtro próprio para o rosto é que esses produtos muitas vezes oferecem benefícios extras, como combate ao envelhecimento, tratamento das manchas e hidratação, entre outros. 

2 - Passar protetor solar com a pele molhada diminui sua eficácia? 

Realmente, o melhor é secá-la antes de aplicar o filtro. Isso porque, em contato com a água o produto fica diluído, fazendo com que sua ação seja reduzida. 

3 - Preciso utilizar protetor solar quando o tempo está nublado? 

Sem dúvida! Cerca de 60% da radiação atravessa as nuvens e atinge a pele. E isso vale especialmente para os raios UVA, o principal responsável pelo envelhecimento precoce. Se a cútis não estiver protegida, sofrerá danos como fotoenvelhecimento, manchas e até câncer de pele. Em dias encobertos, aliás, a atenção deve ser redobrada, pois, como não sentimos tanto o calor, o risco de exagerar na exposição é muito grande. 

4 - Os produtos com cor oferecem mais proteção? 

Além da defesa química, protetores solares com pigmento formam uma barreira física sobre a pele. Assim, eles tendem a oferecer uma proteção maior e preservar a pele dos efeitos prejudiciais dos raios UVA e UVB, defendendo o tecido da luz visível, proveniente de lâmpadas e computadores, por exemplo, que também acelera o envelhecimento e provoca o aparecimento de manchas. Mas o ideal é consultar um dermatologista para saber se o seu produto tem pigmentos realmente eficazes nessa missão. 

5 - Todo produto protege contra raios UVA e UVB? 

O fator de proteção solar, conhecido como FPS, só diz respeito aos raios UVB, que são os responsáveis pela sensação instantânea de queimadura e a vermelhidão. Por muito tempo, os protetores agiam apenas sobre esse tipo de radiação. Agora, a maioria dos produtos oferece também proteção contra os raios UVA, que são de efeito cumulativo e levam ao aparecimento das rugas e das manchas. Essa proteção costuma estar descrita na embalagem com a sigla PPD.

Segundo os especialistas, o filtro é considerado eficaz quando o PPD é pelo menos 1/3 do FPS. Mas, se não encontrar opções com essa informação na embalagem, não se preocupe. "A legislação brasileira determina que todo protetor solar deve passar por testes de comprovação de eficácia contra os raios UVA e não é necessário destacar essa informação no rótulo", conta o farmacêutico Lucas Portilho, diretor científico da Consulfarma, em Campinas, no interior de São Paulo, que é consultor e pesquisador em cosmetologia e especialista em fotoproteção

6 - Só precisamos passar protetor quando ficamos bastante tempo sob o sol?  

Não. O efeito da radiação solar é cumulativo. O que significa que o sol que você toma para ir andando até a padaria se soma àquele que você tomou na praia e, depois de um tempo, os prejuízos para a pele dão as caras. A radiação, inclusive, agride o DNA das células, que vão ficando com defeitos acumulados que mais tarde podem se transformar no câncer de pele.

"Por essa razão, é muito importante proteger as áreas do corpo que ficam permanentemente em exposição, como braços, colo e pernas", diz o dermatologista Jardis Volpe, de São Paulo, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia e da Academia Americana de Dermatologia. Quem sofre com manchas, especialmente os melasmas, deve ter ainda mais cuidado, pois a mínima exposição aos raios UV piora o quadro. "Nesses casos, costumamos combinar o filtro tópico com fotoproteção oral, que conta com ativos que diminuem o dano provocado pela radiação ultravioleta", conta Volpe. 

7 - Bebês e crianças não devem usar protetor, pois o produto faz mal para sua pele? 

De jeito nenhum! A partir dos seis meses de idade os pequenos já podem começar a usar filtro solar. De acordo com pesquisas, a incidência de câncer de pele não melanoma (o tipo menos perigoso) ao longo da vida pode ser reduzida em 78% com o uso regular de fotoprotetores com FPS superior a 15 durante os primeiros 18 anos de vida.

O ideal é lançar mão de fórmulas específicas para as crianças, que sejam hipoalergênicas e ofereçam proteção contra os raios UVA e UVB. Nos menorzinhos também é recomendado que os produtos ofereçam proteção física, ou seja, que formem uma barreira capaz de refletir a radiação. Os químicos, como o próprio nome diz, provocam uma reação química na pele, o que não é muito indicado nessa fase. 

8 - Devemos passar o protetor 30 minutos antes da exposição solar? 

Sim. Esse é o tempo que a maioria dos produtos leva para começar a fazer efeito. E isso vale especialmente para os filtros químicos, que recebem esse nome porque protegem o tecido por meio de uma reação química. Se você tem algum problema específico, o ideal é procurar um dermatologista para que ele diga qual é o tipo mais indicado no seu caso. "Existem doenças que se beneficiam de filtros físicos e outras que pioram com o uso do filtro químico", diz o dermatologista Domimberg Ferreira, da Clínica Megamed, em São Paulo. Besunte o corpo de preferência sem roupa, para não deixar nenhum pedacinho desprotegido. Não se esqueça dos pés, das mãos, da nuca e das orelhas. 

9 - Existe uma medida certa de protetor que devo usar? 

Sim, a quantidade varia de uma pessoa para a outra, de acordo com estatura e peso. Mas uma boa referência é usar 1 colher (chá) para o rosto e pescoço; 1 colher (sopa) para a parte da frente do tronco; 1 colher (sopa) para as costas; 1 colher (sopa) para os dois braços; e 1 colher (sopa) para as duas pernas. 

10 - As pessoas negras também precisam usar protetor solar? 

Embora a melanina que confere a cor escura à pele funcione como um filtro natural, os negros devem ter os mesmos cuidados em relação ao sol que pessoas de pele mais clara, aplicando filtro faça chuva, ou faça sol. No entanto, quem tem pele escura muitas vezes pode utilizar produtos com FPS menor --o ideal é consultar um dermatologista para saber o fator de proteção indicado para seu tom de pele.  

11 - A reaplicação do protetor solar é indispensável?

Repassar o produto a cada duas horas, em média, é tão importante quanto a aplicação inicial e deve ser feita da mesma maneira e com a mesma quantidade de produto. Se você suar muito ou ficar muito tempo na água, esse período deve ser reduzido para uma hora. 

12 - É verdade que a água e a areia refletem os raios? 

Verdade. A água, a neve, a areia e o concreto refletem a radiação, potencializando sua ação. Por isso, não adianta usar o guarda-sol como único item de proteção. Ficar embaixo dele sem utilizar o filtro é um perigo, pois a radiação bate na areia e pode chegar a sua pele.

13 - Maquiagem com proteção solar substitui o protetor? 

Não. Esse tipo de produto de fato é uma grande ajuda no cuidado da pele. No entanto, isso não é razão para abrir mão do filtro solar, já que as bases, pós e afins costumam ter um FPS muito baixo, não protegem contra os raios UVA e não são tão resistentes ao suor.

Isso sem falar que não aplicamos a maquiagem em toda a extensão de pele que deve ser protegida. "E também é importante tomar cuidado com as denominações, pois, ao contrário do que algumas pessoas pensam, nem todo BB Cream, por exemplo, age como um protetor solar", diz Portilho. "Existem produtos denominados pela Anvisa como multifuncionais que destacam o fator de proteção solar (FPS) no rótulo, mas não possuem boa proteção contra raios UVA."

Autor(a)

Lucas Portilho
Lucas Portilho
Diretor Científico da Consulfarma

Farmacêutico e Especialista em Cosmetologia. Mestre em Ciências Médicas pela Unicamp. Diretor das pós-graduações do Instituto de Cosmetologia e Ciências da PeleHi Nutrition Educacional e Departamento de Desenvolvimento de Formulações do Instituto de Cosmetologia. Diretor da Consulfarma Assessoria. Atuou como Coordenador de Desenvolvimento de produtos na Natura Cosméticos e como gerente de P&D na AdaTina Cosméticos. Possui 20 anos de experiência na área farmacêutica e cosmética. Professor e Coordenador dos cursos de pós Graduação com MBA do Instituto de Cosmetologia.

Coordena Cursos Internacionais em Desenvolvimento de Cosméticos na Itália, França e Espanha. Atua em desenvolvimento de formulações para mercado Brasileiro, Europeu e América Latina. Atuou em indústria farmacêutica, farmácias magistrais e elaborou diversos projetos de desenvolvimento de linhas de produtos cosméticos nas empresas Consulfarma Assessoria.?Colunista no Prospector. 

Coordenador da Comissão de Farmácia de Estética do CRF-SP. 

Fundador do Cosmético Seguro. 

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