Probióticos,
Disbiose Intestinal e Doença Cutâneas
Suplementação Probiótica Regula a
Microbiota Intestinal e Melhora a Dermatite Atópica
A importância do microbioma humano para
a saúde vem sendo muito pesquisada na última década. Estudos mostraram que a
microbiota e o hospedeiro compartilham uma dependência positiva e a interrupção
no equilíbrio entre eles pode causar consequências importantes. A Organização
Mundial da Saúde definiu os probióticos como sendo micro-organismos vivos que,
quando consumidos em quantidades adequadas, conferem algum benefício para
humanos e animais. O microbioma intestinal influencia fortemente o sistema
imune do hospedeiro ao promover proteção contra patógenos externos e ao iniciar
respostas imunoprotetoras. Devido a isso, alterações no microbioma intestinal
podem acarretar o desenvolvimento de doenças inflamatórias ou autoimunes em
órgãos distantes do intestino, como a pele.
Disbiose Intestinal e Doenças Cutâneas
A disbiose intestinal é caracterizada
por uma mudança considerável na relação entre os filos de micro-organismos que
habitam o intestino ou pela expansão de novos grupos bacterianos, o que gera um
desequilíbrio no microbioma e possíveis efeitos clínicos no organismo humano.
Em doenças dermatológicas inflamatórias comuns, como dermatite atópica (DA),
acne vulgar, psoríase, rosácea e, até mesmo, o melasma, tem aumentado o número
de evidências que apontam para uma correlação da doença com a disbiose
intestinal. Somando-se a isso, há a evidência de que algumas células secretoras
de peptídeos com função regulatória presentes na pele, no cérebro e no
intestino teriam uma mesma origem embrionária, no ectoderme. Esse tipo de
informação corrobora e sustenta a existência do conceito “eixo intestino-pele”
e “eixo intestino-cérebro-pele”, também levando em conta que o estado emocional
pode influenciar o estado inflamatório do indivíduo.
Probiótico e Dermatite Atópica
O uso de probióticos para manipular a microbiota intestinal e, assim, obter resultados positivos em órgãos distantes do intestino, como a pele, é uma prática antiga. Uma grande variedade de cepas de probióticos estão disponíveis comercialmente. Os efeitos dos probióticos dependem da cepa. Sendo assim, o efeito observado de uma cepa probiótica não pode ser generalizado para outras cepas probióticas. Além disso, os probióticos podem apresentar efeitos diferentes quando usados sozinhos e em combinação com outras cepas. Um dos possíveis mecanismos proposto aos probióticos no gerenciamento da dermatite atópica é a regulação da hipersensibilidade alérgica por meio da supressão da resposta mediada por Th2.
Esse estudo conduzido por Michelotti et al. (2021) teve como objetivo avaliar a eficácia de um suplemento contendo um pool de probióticos na melhora dos sintomas associados com dermatite atópica em pacientes adultos.
Resultados
Ø Os voluntários tratados com
uma mistura probiótica apresentaram uma melhora significativa na suavidade e
hidratação da pele;
Ø Houve melhora das lesões
através da auto percepção e também através da diminuição dos escores do SCORAD
(Scoring Atopic Dermatitis);
Ø Também foi observada
diminuição significativa nos marcadores associados com a inflamação. Esses
resultados foram mantidos mesmo após o término do período de suplementação.
Conclusão
A administração de um pool de probióticos resultou em uma melhora dos marcadores associados com a dermatite atópica e também apresentou efeito positivo nas condições cutâneas.
Referências bibliográficas
MICHELOTTI, A.
et al. Efficacy of a probiotic supplement in patients with atopic dermatitis: a
randomized, double-blind, placebo-controlled clinical trial. Eur J Dermatol.
2021 Apr 16. doi: 10.1684/ejd.2021.4019. Online ahead of print.
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