Olá! Se você é um tutor ou profissional da área veterinária, deve saber o quanto a incontinência urinária em cães pode impactar a qualidade de vida do animal e do ambiente ao seu redor. Hoje, vamos nos aprofundar no tema e entender como a oxibutinina pode ser uma aliada no tratamento desse problema.
A veterinária e farmacêutica Vanessa Gonçalves explica que a incontinência urinária é um distúrbio de micção em cães, caracterizado pelo vazamento passivo e involuntário de urina. Esse problema pode ocorrer em cães de qualquer idade, raça ou sexo, mas, em cadelas castradas, estudos apontam uma prevalência que varia de 3% a 20%. Já entre os machos, esse número é significativamente menor. Embora ainda existam poucas opções de diagnósticos específicos para incontinência em medicina veterinária, é possível contar com algumas alternativas de tratamento para melhorar a condição do animal.
Para entender a incontinência urinária, é importante conhecer o funcionamento do sistema urinário. Em cães, o armazenamento e o esvaziamento de urina são processos complexos, coordenados por reflexos e pelo sistema nervoso. A contração do músculo destrusor, responsável pelo esvaziamento da bexiga, é regulada pelo sistema nervoso simpático e parasimpático. Quando ocorre algum desequilíbrio nesses sistemas, o controle da micção pode ser afetado.
A incontinência urinária pode ser dividida em dois tipos principais:
Cada categoria demanda um tratamento específico, que varia conforme a causa e a intensidade do problema.
O tratamento para distúrbios de armazenamento em cães frequentemente envolve medicamentos alfagonistas, que estimulam os receptores adrenérgicos do esfíncter uretral interno, e estrogênios, que podem aumentar a expressão desses receptores. A combinação desses medicamentos é geralmente a primeira linha de tratamento recomendada.
Segundo o estudo, profissionais que participaram de um painel de tratamento para incontinência urinária em cães escolheram alfagonistas como a primeira opção. Se não houver resposta após 28 dias de tratamento, pode-se recorrer ao uso de estriol ou dietilestilbestrol.
Nos casos de instabilidade do músculo destrusor, onde o cão não responde ao tratamento padrão, a oxibutinina, um medicamento antimuscarínico, é indicada. Esse medicamento atua relaxando o músculo destrusor, reduzindo a frequência das contrações involuntárias e ajudando no controle da micção. Apesar de ser amplamente utilizada, a eficácia da oxibutinina no tratamento da instabilidade destrusora ainda precisa de mais estudos para que seus efeitos possam ser totalmente compreendidos.
A dosagem recomendada para a oxibutinina varia entre 0,2 a 0,3 mg por quilo do peso do cão, a ser administrada a cada 8 a 12 horas. No entanto, é importante sempre seguir a orientação de um veterinário para adequar a dosagem conforme a condição específica do animal.
Assim como qualquer medicamento, a oxibutinina pode provocar alguns efeitos adversos, tais como:
O tratamento da incontinência urinária em cães é um desafio, mas com a orientação adequada, é possível oferecer qualidade de vida ao seu pet. A oxibutinina, apesar de ser um tratamento promissor, deve ser administrada com cautela e sempre sob orientação veterinária.
Médica Veterinária e Farmacêutica, Vanessa é Consultora Técnica na área de farmácia magistral há 20 anos. É Pós Graduada em Dermatologia Veterinária, Farmacologia e Clínica Veterinária, Cosmetologia Clínica, Nutrição e Medicina Ortomolecular. Também é Mestranda em Biotecnologia alimentar e nutrição. Além disso, é palestrante nas áreas farmacêutica e veterinária, com ênfase em manipulação magistral. Vanessa é Gerente do departamento Veterinário da Consulfarma e coordenadora das Pós Graduação de Farmácia Veterinária.