Microbioma cutâneo, prebióticos e probióticos para a pele
Estudos Científicos
25/jan/2019
Entenda como tais substâncias podem atuar na pele e no organismo humano
Ao visitar a última In Cosmetics em Amsterdam, um dos conceitos que me chamou a atenção foi a “Modulação do Microbioma Cutâneo”. Não é de se estranhar, pois estudos mostram que somos formados por aproximadamente 40% de células e 60% de microrganismos (bactérias). Não tenho dúvidas que na maioria das vezes que aplicamos produtos na pele, estamos de alguma forma alterando parâmetros microbiológicos em nossa pele, mas até então não estávamos olhando com cuidado pra esse grupo de seres vivos que nos habitam.
BACTÉRIAS E A PELE
Os microrganismos não estão apenas na nossa pele - estão principalmente no intestino, e existem indícios que doenças de pele têm correlação com o estado da microbiota intestinal. Além disso, em doenças de pele bem conhecidas, como psoríase, dermatite atópica e rosácea, já foi comprovado que microrganismos específicos exercem efeito negativo no quadro clínico dessas doenças. Alguns estudos vão além e sugerem que se modularmos o microbioma cutâneo, teremos um reflexo no intestino e, por consequência, no cérebro.
DOENÇAS DE PELE E MICROBIOMA
A possível interação entre pele e intestino pode ser vista em condições como a doença celíaca, que frequentemente está associada a dermatites e psoríase. Estudos recentes também associam a microbiota intestinal e doença relacionada à barreira cutânea, como a dermatite atópica. Seria a alteração na pele um resultado da alteração intestinal ou a alteração intestinal está apenas refletindo o desbalanço do microbioma cutâneo?
Já foi mapeado que índios que vivem em ambientes distantes dos grandes centros urbanos possuem uma diversidade de microrganismos superior àqueles que vivem em grandes centros. Fica claro que a vida moderna e o contato com poluentes como hidrocarbonetos aromáticos, metais pesados e outros alérgenos influenciam de forma negativa a nossa barreira cutânea. Alguns deles, como os hidrocarbonetos aromáticos, se ligam aos receptores Aril-hidrocarbonetos, levando a uma cascata inflamatória e consequente dano de barreira, mas agora podemos começar a testar o impacto desses poluentes no crescimento dos microrganismos.
INOVAÇÃO
As empresas que lançam novos ativos já nos ajudam a entender melhor como modular o microbioma cutâneo e já estão desenvolvendo ativos que podemos usar em nossos novos desenvolvimentos.
Vou usar um heptapeptídeo recém-lançado e fabricado na Espanha como exemplo.
Os estudos conduzidos pelo fabricante demonstraram claramente que é possível diminuir a colonização da pele por bactérias patogênicas e aumentar aqueles que promovem benefícios cutâneos. O nome dessa ação é “modulação do microbioma da pele”. O heptapeptídeo possui nome comercial de Fensebiome. O estudo in vivo comprovou o aumento da diversidade no microbioma da pele dos voluntários. O mais interessante foi que esse aumento foi relacionado com microrganismos favoráveis para a pele, como actinobactérias e proteobactérias.
MODULAR OU ELIMINAR BACTÉRIAS?
Aqui fica claro que usar substâncias “antimicrobianas” que eliminam microrganismos é totalmente diferente dessa nova abordagem que estamos usando na cosmetologia. Modular é diferente de eliminar.
O reflexo da modulação do microbioma através do uso do Fensebiome é uma formação de barreira mais íntegra, que não somente impede a perda de água transepidermal, como também impede que alérgenos penetrem facilmente na pele. Além disso, os estudos in vitro demonstraram melhora no perfil lipídico da pele, como aumento de ceramidas e aumento da expressão dos genes relacionados com junções intracelulares, garantindo maior coesão.
Muito importante para os profissionais que atuam com pele é entender e utilizar essas novas ferramentas para modulação do microbioma, e assim, melhorar e prevenir doenças de pele.